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Cambagem: Mais polêmica que Mamilos!
Posted by Thais Roland
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sábado, outubro 28, 2017
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Bora se meter no assunto do momento? Bora, claro! Eu nem sabia do que tava rolando porque sou uma pessoa alienada que lê Dostoiévski em vez de checar a timeline do Facebook, então fui pega de surpresa ao descobrir que tava ardendo a maior discussão acalorada sobre o tema!
Um dos seguidores do CMN me mandou um comentário no Facebook do blog perguntando minha opinião e só então fiquei sabendo sobre a matéria do Auto Esporte. Como eu já estava inscrita no 1o Congresso Brasileiro do Mecânico, promovido pela revista O Mecânico, e já tinha visto que o painel de encerramento abordaria o assunto, segurei a conversa aguardando o evento e agora estamos aqui.
Pra quem tá tão fora do ar quanto eu, vou começar pelo começo, então aguardem o texto longo mas, certamente, com conteúdo importante do início ao fim.
Em junho o Tales, que a geral conhece como Doutor Carro, soltou esse vídeo aqui falando sobre Cambagem.
Ele mandou muito bem orientando clientes e reparadores sobre os riscos de usar o famoso ciborgue e sobre como a gente tem que acabar com essa prática no mercado e daí, claro, a galera caiu matando em cima dele.
O Auto Esporte comprou a briga agora em setembro e soltou essa matéria aqui, deixando o assunto um pouquinho mais amigável pra quem não faz idéia do que é uma Cambagem.
E aí, meus amigos, o Apocalipse chegou! O assunto tomou proporções bíblicas com gente atacando e defendendo e ficou mais polêmico do que Mamilos! Tão polêmico que o pessoal da revista O Mecânico incluiu o tema no Congresso Brasileiro do Mecânico, com a galera toda envolvida no procedimento, pra conversarmos sobre. Agora sim... vou contar pra vocês o que rolou no bate papo do congresso e depois vou dar o meu pitaco sobre o assunto, combinado?
Quem participou do painel:
- Edison Ragassi – Mediador – revista O Mecânico
- Eliel Bartels – representando a DPaschoal
- Lothar Weninghaus – representando a Audi
- César Urnhani – representando o Auto Esporte
- Diego Riqueiro – representando a Bosch
- Fernando Landulfo – representando a FMU
- Juliano Caretta – representando a Monroe
- Tales Domingues – o Doutor Carro
- Adilson Garcia – representando a Gaho Equipamentos (fabricante do ciborgue)
- Manoel Farias – representando a Magneti Marelli – COFAP
O que rolou:
Primeiro reproduziram a matéria do Auto Esporte no telão e aí começaram a conversar. O Cesinha falou sobre a intenção da matéria e talz e comentou que todas as oficinas procuradas para participar da reportagem concordavam que o procedimento era errado e eles não encontraram ninguém que defendesse a prática. Algumas oficinas que vendem a cambagem chegaram a admitir que o fazem porque “só alinhamento não dá dinheiro”.
Depois foi a vez do meio acadêmico se pronunciar e veio a primeira confirmação. Nenhuma escola concorda com o procedimento porque ele não é reconhecido como um “procedimento técnico”. Inclusive, estive no SENAI essa semana pra visitar meus ex-professores e fiz questão de ir atrás do meu professor de suspensão e do coordenador do curso pra perguntar se a escola ensina a usar ciborgue, a resposta foi um enfático NÃO.
Ainda que o problema seja na longarina (na estrutura do carro, por causa de uma pancada monstro ou uma batida) o lance deve ser resolvido com mesa alinhadora. Jamais com o ciborgue.
A discussão a respeito da irregularidade no uso do equipamento se concentrou nos seguintes tópicos:
- A maior parte da frota atual de carros não tem regulagem de cambagem, daí a utilização da ferramenta para deformação das peças;
- Quando há irregularidade no ângulo da cambagem é porque alguma peça da suspensão está desgastada ou danificada e deve ser substituída;
- Muitas vezes a deformação é em mais de um ponto, e utilizar o aparelho apenas cria MAIS UMA deformação para compensar as outras, em outras palavras, você está transferindo a deformação para outra parte do carro;
- O ciborgue cria uma carga lateral no amortecedor e esta peça não é desenvolvida pra esse tipo de força, o que torna a prática extremamente danosa para ele;
- Um dos pontos altos da discussão se concentrou no fato de que o equipamento causa uma deformação em uma peça que já pode estar deformada. Pense no seguinte: quando a indústria faz um clipe de papel ela pega um pedacinho de aço e dobra. Sabe quando você não tem o que fazer e pega um clipe desse e desdobra? Isso querer uma força, aí você dobra ele de novo e percebe que já é mais fácil. Na terceira vez o clipe quebra. É isso que acontece com as peças do carro quando sofrem deformação. Vão ficando cada vez mais frágeis e mais propensas a quebrar;
- E por fim, a discussão sobre a deformação ser estrutural, o consenso foi que o procedimento correto é mesa alinhadora e ponto final. Até o fabricante da ferramenta concordou que o correto é trocar as peças.
Agora, usando o principio extremamente saudável da Comunicação Não Violenta, eu quero dizer o que eu acho sobre tudo isso que rolou e quero conversar com o cliente e com os meus colegas mecânicos de maneira que acrescente pra todos nós. Vamos lá.
Vídeos como o do Doutor Carro e matérias como essa do Auto Esporte prejudicam APENAS aqueles que realmente enganam os clientes, aqueles que colocam a palavra Cambagem na nota fiscal sem ao menos ter olhado para o carro da pessoa. Ponto final! Se você é honesto e explica pro seu cliente tudo o que você vai fazer no carro dele e as implicações disso, jamais vai receber alguém na sua oficina gritando e apontando o dedo pra sua cara.
Pessoas como o Tales e eu, que fazemos estes vídeos explicando procedimentos de oficina para o público não querem ferrar com ninguém! Nós também somos mecânicos e tudo o que queremos é ajudar as pessoas, clientes e colegas.
A gente ajuda os clientes porque explica pra eles o que está acontecendo em seus carros para entenderem do que eles precisam ou não e como fazem para cuidar melhor de seus automóveis. E a gente ajuda os colegas porque facilitamos a comunicação entre vocês e seus clientes. Em vez de nos enxergar como inimigos, pense como podem usar nossos vídeos para ajudar a explicar procedimentos técnicos para seus clientes que não entendem nada sobre carros. Hoje o mecânico não pode mais ser aquele bróder de cara fechada que fica no fundo da oficina cheio de graxa. A gente tem que lidar com o público e este público exige, cada vez mais, explicações.
Temos que ter na nossa cabeça que o cliente, muitas vezes, não tem nenhuma idéia sobre o assunto, mas quer saber assim mesmo e ele está muito certo! É nossa função transpor as barreiras de comunicação e aprender a explicar pra eles, de uma maneira didática, tudo o que vai rolar com o carro dele dentro da nossa oficina. Se você não tem esse perfil, USE a gente pra isso! Mostra nossos vídeos pro seu cliente e use isso pra facilitar a comunicação. Sacou? Sério! Nós somos AMIGOS! Queremos transformar essa idéia de que todo mecânico é pilantra! A gente precisa mostrar que estamos fazendo a coisa correta e mostrar que o cliente pode sim confiar na gente porque a gente tá mostrando pra ele o que está fazendo.
Quando à cambagem, não tem discussão. É ERRADO! Aqui é necessário frisar algumas coisas. Primeiro que a frase se refere à aplicação de pistão hidráulico para o procedimento. Ângulo de camber existe, mas não deve ser corrigido deformando peças, e sim as substituindo nos carros com cambagem fixa. E segundo, uma coisa óbvia, mas que deve ser destacada é que, nos carros que possuem a regulagem deste parâmetro ela deve ser realizada com as peças originais e aí faz menos sentido ainda usar um ciborgue.
O fato é que temos muita coisa pra ajustar até que procedimentos desse tipo sumam das nossas oficinas. Ações como o Congresso Brasileiro do Mecânico são um começo maravilhoso pra isso! Aproximar reparador, fabricantes de peças e montadoras estreita um relacionamento que já demorou pra acontecer! Conversando todo mundo se entende. Atirando pedras do outro lado do mundo ninguém se resolvem. Percebem?
Mas o primeiro passo foi dado! Agora as pessoas sabem o que é a tal cambagem, conhecem o procedimento, viram a cara do equipamento na tela da TV e, daqui pra frente, o centro de alinhamento que empurra, desonestamente, o serviço pros clientes vai sofrer e nós, que explicamos tudo pro nosso cliente, temos um canal mais aberto ainda de comunicação com ele.
Percebam, galera: a gente tá exterminando a escória da nossa profissão e estamos ganhando a confiança do nosso público! Estamos conquistando a HONRA de ser Mecânico! Estamos limpando a imagem tão desgastada da nossa profissão e temos que fazer isso juntos! Já tá mais que na hora do Mecânico ser respeitado! A gente cuida de famílias através de seus carros. Nós somos importantes pras pessoas! Vamos abraçar isso!
E você, que é nosso cliente, conversa com a gente! Pergunte! Não saia na dúvida. Peça orientação. Se interesse pelo seu carro. A gente super quer te ajudar a gostar do seu automóvel e cuidar bem dele. Todo mundo vai ganhar com isso!
Vamos apertar as mãos e começar essa mudança que o mundo automotivo nunca viu e que super precisa? Eu to disposta! E vocês? o/
Um dos seguidores do CMN me mandou um comentário no Facebook do blog perguntando minha opinião e só então fiquei sabendo sobre a matéria do Auto Esporte. Como eu já estava inscrita no 1o Congresso Brasileiro do Mecânico, promovido pela revista O Mecânico, e já tinha visto que o painel de encerramento abordaria o assunto, segurei a conversa aguardando o evento e agora estamos aqui.
Pra quem tá tão fora do ar quanto eu, vou começar pelo começo, então aguardem o texto longo mas, certamente, com conteúdo importante do início ao fim.
Em junho o Tales, que a geral conhece como Doutor Carro, soltou esse vídeo aqui falando sobre Cambagem.
Ele mandou muito bem orientando clientes e reparadores sobre os riscos de usar o famoso ciborgue e sobre como a gente tem que acabar com essa prática no mercado e daí, claro, a galera caiu matando em cima dele.
O Auto Esporte comprou a briga agora em setembro e soltou essa matéria aqui, deixando o assunto um pouquinho mais amigável pra quem não faz idéia do que é uma Cambagem.
E aí, meus amigos, o Apocalipse chegou! O assunto tomou proporções bíblicas com gente atacando e defendendo e ficou mais polêmico do que Mamilos! Tão polêmico que o pessoal da revista O Mecânico incluiu o tema no Congresso Brasileiro do Mecânico, com a galera toda envolvida no procedimento, pra conversarmos sobre. Agora sim... vou contar pra vocês o que rolou no bate papo do congresso e depois vou dar o meu pitaco sobre o assunto, combinado?
Quem participou do painel:
- Edison Ragassi – Mediador – revista O Mecânico
- Eliel Bartels – representando a DPaschoal
- Lothar Weninghaus – representando a Audi
- César Urnhani – representando o Auto Esporte
- Diego Riqueiro – representando a Bosch
- Fernando Landulfo – representando a FMU
- Juliano Caretta – representando a Monroe
- Tales Domingues – o Doutor Carro
- Adilson Garcia – representando a Gaho Equipamentos (fabricante do ciborgue)
- Manoel Farias – representando a Magneti Marelli – COFAP
O que rolou:
Primeiro reproduziram a matéria do Auto Esporte no telão e aí começaram a conversar. O Cesinha falou sobre a intenção da matéria e talz e comentou que todas as oficinas procuradas para participar da reportagem concordavam que o procedimento era errado e eles não encontraram ninguém que defendesse a prática. Algumas oficinas que vendem a cambagem chegaram a admitir que o fazem porque “só alinhamento não dá dinheiro”.
Depois foi a vez do meio acadêmico se pronunciar e veio a primeira confirmação. Nenhuma escola concorda com o procedimento porque ele não é reconhecido como um “procedimento técnico”. Inclusive, estive no SENAI essa semana pra visitar meus ex-professores e fiz questão de ir atrás do meu professor de suspensão e do coordenador do curso pra perguntar se a escola ensina a usar ciborgue, a resposta foi um enfático NÃO.
Ainda que o problema seja na longarina (na estrutura do carro, por causa de uma pancada monstro ou uma batida) o lance deve ser resolvido com mesa alinhadora. Jamais com o ciborgue.
A discussão a respeito da irregularidade no uso do equipamento se concentrou nos seguintes tópicos:
- A maior parte da frota atual de carros não tem regulagem de cambagem, daí a utilização da ferramenta para deformação das peças;
- Quando há irregularidade no ângulo da cambagem é porque alguma peça da suspensão está desgastada ou danificada e deve ser substituída;
- Muitas vezes a deformação é em mais de um ponto, e utilizar o aparelho apenas cria MAIS UMA deformação para compensar as outras, em outras palavras, você está transferindo a deformação para outra parte do carro;
- O ciborgue cria uma carga lateral no amortecedor e esta peça não é desenvolvida pra esse tipo de força, o que torna a prática extremamente danosa para ele;
- Um dos pontos altos da discussão se concentrou no fato de que o equipamento causa uma deformação em uma peça que já pode estar deformada. Pense no seguinte: quando a indústria faz um clipe de papel ela pega um pedacinho de aço e dobra. Sabe quando você não tem o que fazer e pega um clipe desse e desdobra? Isso querer uma força, aí você dobra ele de novo e percebe que já é mais fácil. Na terceira vez o clipe quebra. É isso que acontece com as peças do carro quando sofrem deformação. Vão ficando cada vez mais frágeis e mais propensas a quebrar;
- E por fim, a discussão sobre a deformação ser estrutural, o consenso foi que o procedimento correto é mesa alinhadora e ponto final. Até o fabricante da ferramenta concordou que o correto é trocar as peças.
Agora, usando o principio extremamente saudável da Comunicação Não Violenta, eu quero dizer o que eu acho sobre tudo isso que rolou e quero conversar com o cliente e com os meus colegas mecânicos de maneira que acrescente pra todos nós. Vamos lá.
Vídeos como o do Doutor Carro e matérias como essa do Auto Esporte prejudicam APENAS aqueles que realmente enganam os clientes, aqueles que colocam a palavra Cambagem na nota fiscal sem ao menos ter olhado para o carro da pessoa. Ponto final! Se você é honesto e explica pro seu cliente tudo o que você vai fazer no carro dele e as implicações disso, jamais vai receber alguém na sua oficina gritando e apontando o dedo pra sua cara.
Pessoas como o Tales e eu, que fazemos estes vídeos explicando procedimentos de oficina para o público não querem ferrar com ninguém! Nós também somos mecânicos e tudo o que queremos é ajudar as pessoas, clientes e colegas.
A gente ajuda os clientes porque explica pra eles o que está acontecendo em seus carros para entenderem do que eles precisam ou não e como fazem para cuidar melhor de seus automóveis. E a gente ajuda os colegas porque facilitamos a comunicação entre vocês e seus clientes. Em vez de nos enxergar como inimigos, pense como podem usar nossos vídeos para ajudar a explicar procedimentos técnicos para seus clientes que não entendem nada sobre carros. Hoje o mecânico não pode mais ser aquele bróder de cara fechada que fica no fundo da oficina cheio de graxa. A gente tem que lidar com o público e este público exige, cada vez mais, explicações.
Temos que ter na nossa cabeça que o cliente, muitas vezes, não tem nenhuma idéia sobre o assunto, mas quer saber assim mesmo e ele está muito certo! É nossa função transpor as barreiras de comunicação e aprender a explicar pra eles, de uma maneira didática, tudo o que vai rolar com o carro dele dentro da nossa oficina. Se você não tem esse perfil, USE a gente pra isso! Mostra nossos vídeos pro seu cliente e use isso pra facilitar a comunicação. Sacou? Sério! Nós somos AMIGOS! Queremos transformar essa idéia de que todo mecânico é pilantra! A gente precisa mostrar que estamos fazendo a coisa correta e mostrar que o cliente pode sim confiar na gente porque a gente tá mostrando pra ele o que está fazendo.
Quando à cambagem, não tem discussão. É ERRADO! Aqui é necessário frisar algumas coisas. Primeiro que a frase se refere à aplicação de pistão hidráulico para o procedimento. Ângulo de camber existe, mas não deve ser corrigido deformando peças, e sim as substituindo nos carros com cambagem fixa. E segundo, uma coisa óbvia, mas que deve ser destacada é que, nos carros que possuem a regulagem deste parâmetro ela deve ser realizada com as peças originais e aí faz menos sentido ainda usar um ciborgue.
O fato é que temos muita coisa pra ajustar até que procedimentos desse tipo sumam das nossas oficinas. Ações como o Congresso Brasileiro do Mecânico são um começo maravilhoso pra isso! Aproximar reparador, fabricantes de peças e montadoras estreita um relacionamento que já demorou pra acontecer! Conversando todo mundo se entende. Atirando pedras do outro lado do mundo ninguém se resolvem. Percebem?
Mas o primeiro passo foi dado! Agora as pessoas sabem o que é a tal cambagem, conhecem o procedimento, viram a cara do equipamento na tela da TV e, daqui pra frente, o centro de alinhamento que empurra, desonestamente, o serviço pros clientes vai sofrer e nós, que explicamos tudo pro nosso cliente, temos um canal mais aberto ainda de comunicação com ele.
Percebam, galera: a gente tá exterminando a escória da nossa profissão e estamos ganhando a confiança do nosso público! Estamos conquistando a HONRA de ser Mecânico! Estamos limpando a imagem tão desgastada da nossa profissão e temos que fazer isso juntos! Já tá mais que na hora do Mecânico ser respeitado! A gente cuida de famílias através de seus carros. Nós somos importantes pras pessoas! Vamos abraçar isso!
E você, que é nosso cliente, conversa com a gente! Pergunte! Não saia na dúvida. Peça orientação. Se interesse pelo seu carro. A gente super quer te ajudar a gostar do seu automóvel e cuidar bem dele. Todo mundo vai ganhar com isso!
Vamos apertar as mãos e começar essa mudança que o mundo automotivo nunca viu e que super precisa? Eu to disposta! E vocês? o/