Maverick, Dodge e Opala - Muscle Cars? Sim ou não?
Se formos nos ater ao conceito clássico de Muscle Cars, não, o Brasil nunca teve um muscle car. Mas a gente consegue contar um pouco de história e adequar o conceito à realidade brasileira e chegar a um consenso que agrade todo mundo, principalmente os fãs dos modelos em questão.
Originalmente Muscle Cars são carros americanos, exclusivamente com duas portas, com mais de um carburador (ou, pelo menos, com carburadores maiores que dois venturis) e com motores opcionais (mais potentes), além de um apelo esportivo dado por pinturas, acessórios ou acabamentos especiais. Podiam ter transmissão automática ou manual, mas também eram opcionais e, em geral, tinham motores V8 (quase que exclusivamente, com raras exceções). E, talvez o principal, foram fabricados entre 1955 (talvez o primeiro muscle car possa ser considerado o Chrysler 300 55) e 1972, quando os valores dos seguros para estes carros começou a aumentar demais e medidas mais rígidas antipoluição entraram em vigor e, finalmente, com a crise do petróleo enterrando o conceito de vez, em 73.
Para termos uma idéia mais clara do que eram os muscle cars americanos nada melhor do que citá-los. A lista é longa e deliciosa! Incluindo modelos como o Superbee, o Roadrunner, o Camaro SS 396 e o 427, o fabuloso Camaro Yenko, o Mustang Boss (429 e 351), o Pontiac GTO (maravilindo), o Viper V10 e o Corvette 454.
Percebam que são todos motores grandes. Carros como o Camaro V8, mas com carburador duplo, Cougar, Firebird, Barracuda, Challenger 318, Javelin, ou AMX eram todos considerados Pony Cars, por ainda terem apelo esportivos, mas serem menos potentes e mais acessíveis.
Neste cenário, nossos Mavericks, Opalas e Chargers não têm a menor chance de serem considerados muscle cars. Aliás, americanos consideram motores 6 cilindros tão pequenos que carros equipados com estes são de uso diário.
Contudo, todavia, entretanto........ estamos no Brasil e aqui nossa realidade é, e sempre foi, outra. Sempre tivemos a tendência de seguir as modas americanas (mesmo que as modas européias fossem muito mais legais) e então acabamos importando também o conceito de muscle cars (na medida do possível).
Seguindo a linha de motores opcionais e características esportivas podemos considerar então que os “nossos” muscle cars são: o Dodge Charger RT, o Maverick GT e o Opala SS (talvez o Dart SE também, com um pouco de boa vontade).
Hoje em dia muita coisa mudou. A idéia de muscle cars voltou em carros como o Hellcat, por exemplo e muita gente considera muscle cars projetos independentes (carros modificados pelos próprios donos) e aí tudo virou uma bagunça, cada um pensa e diz o que quiser e o assunto virou polêmico e até delicado.
Pra mim, sinceramente, o mais importante são os carros. Pouco ligo para as definições. Trabalho em uma oficina que só faz carros originais e gosto disso, mas o meu Maverick não ficará original, ficará do jeito que eu quero, porque acho que meu carro tem que refletir a mim e não nenhum conceito. Sou apaixonada por essas banheiras lindas e continuarei apaixonada, mas também sei apreciar (e muito) as belezas da engenharia européia.
Discussões sobre que carro é melhor não me fazem o menor sentido e esta não é, nem de longe, a intenção deste post. Só me encanto pela história e acho sempre interessantíssimo entender por que cada “moda” surgiu, em que situação e o que se passava na cabeça das pessoas na época. Isso me ajuda a entender muito o que temos hoje e é até divertido prever o que vai rolar daqui a um tempo.
Peço desculpas aos leitores que se ofenderam com o último post (ou que possam ainda se ofender com este), agradeço aos que deram opiniões (especialmente ao Rogério Machado, ao Rex Parker e ao Christopher Meggeson, que me deram muitas explicações sobre o assunto) e gostaria muito que continuassem com os comentários, sempre. :)
Beijokitas! E até o próximo!