Google+
0

Apelidos carinhosos… mais ou menos

Posted by Thais Roland on quarta-feira, outubro 26, 2016 in , , , , , , , , ,
Ao longo dos anos a indústria automotiva desenvolve uma imensidão de automóveis que são recepcionados pelos consumidores de maneiras muito diferentes e, às vezes, não tão carinhosas. O tema surgiu durante uma conversa com meu caro amigo Gabriel Marazzi e achamos bacana fazer um texto com alguns dos apelidinhos (fofos e não tão fofos) que os carros colecionaram no Brasil.

Para não esquecer de nenhum, vamos em ordem alfabética (na medida do possível).

Começando pelo Ford Modelo A, na versão Roadster que era chamado de Baratinha por lembrarem o inseto temido por tantas pessoas. Fico pensando se alguém com medo de baratas teria um destes carros. Não dá pra deixar de mencionar o “banco da sogra” que também era característica destes automóveis e que, até hoje, é motivo de piadas maldosas sobre a megera santa mãezinha da nossa cara-metade. Pra piorar este modelo tinha teto rígido, o que impossibilitava a comunicação com a mamãe, já que a manivela que baixava o pequeno vidro da vigia estava “sempre com problemas”.


O Simca Chambord veio com tudo quando de seu lançamento no Brasil. Carro bonito, mas que teimava em não funcionar direito acabou ganhando o apelido de Belo Antônio, personagem de um filme italiano de mesmo nome cuja beleza tirava o fôlego, mas a virilidade era discutível.


Já o Fusca caiu na graça do brasileiro e um dos apelidos carinhosos que adquiriu ao longo dos anos foi Besouro, em alusão ao seu nome no exterior (Beetle). Mais triste foi o modelo com teto solar que logo ganhou o apelido de Cornowagen e destruiu o sucesso do modelo! O mesmo aconteceu com o Karmann Ghia, que ganhou o apelido de Sonho de Puta e acabou com as vendas para mulheres, público que mais simpatizou com o modelo. Alguns dizem que o apelido Sonho de Puta também foi dado ao SPII, por causa da sigla, mas o mais famoso é para o KGhia mesmo. Um comercial da revenda Vimave, do glorioso Silvio Santos, em 1980, mostrava o comediante Ary Toledo tendo problemas com um Chevrolet 46 que todo mundo tinha que ajudar a empurrar quando passava um cara com um Fusca e repetia “Pois é”... desde então, “Pois é” serve para nomear qualquer carro que não funciona direito. (queria colocar o comercial aqui pra vocês verem, mas não encontrei em lugar nenhum!)

Ainda não dá pra parar de falar de Fusca, porque também tivemos duas versões de Fuscas com apelidos célebres! O primeiro foi o Fusca Fafá... bem... na verdade, o apelido era das lanternas traseiras... porque lembravam a Fafá de Belém... ou uma parte da Fafá... bem... vocês sabem... ahm... Então... e o outro foi o Fusca Itamar. Este ganhou o apelido porque foi o presidente Itamar Franco que o trouxe de volta à vida e caiu na graça dos brasileiros por causa do feito (e também por ter aparecido com a Lilian Ramos sem calcinha no Carnaval... bem...).

Boca de Sapo

Vejam a foto e me digam... parece a boca de um sapo?


Já o termo Calhambeque acabou servindo para qualquer carro velho em determinada época. A idéia era pejorativa, mas atualmente é comum ver pessoas se referindo à carros antigos como Calhambeques com um sentido mais nobre. Além disso, quem eternizou o termo foi Roberto Carlos, em sua música “O Calhambeque”, de 64, uma versão de “Road Hog” de John D. Loudermilk (muito mais legal do que a versão, by the way).


Outro termo que se usa (até hoje) para se referir pejorativamente a um automóvel é Chimbica. Este serve para referir-se à carros pequenos e de pouco valor.

Quando chegou ao Brasil, o DKW tinha as famosas portas suicidas. O que é uma porta suicida: elas abrem para trás, ao contrário das normais. Porque suicidas? Deve ter algo a ver com uma tentativa de suicídio, se jogando para fora com o carro em movimento. Vai tentar fazer isso com a porta abrindo ao contrario: será que dá para se matar? Em 1964 as portas dianteiras dos DKW passaram a ser “normais”. Por causa desta característica, ao descer do carro, as garotas usando saias deixavam aparecer mais do que lhes era conveniente na época (já que estamos falando dos anos 50, tratava-se, provavelmente, dos tornozelos das donzelas) e então ganhou o apelido de Deixa-vê. Imagino que muitos rapazes se empolgavam ao ver uma dama desembarcando de um DKW nos gloriosos anos 50 e 60.


Fordeco foi, durante muito tempo, um termo depreciativo para os pobres Ford Bigodes (as alavancas de comando do acelerador e do ponto, localizadas na coluna de direção lembram um bigode), mas quem acabou levando a pior fama foi o Prefect, já que era um carro de desempenho duvidoso.

Alguns Fords e Chevrolets dos anos 20, 30 e 40, com carrocerias fechadas e o teto de metal, ganharam o apelido de Guarda-Louça, assim como alguns veículos de transporte de pessoas, receberam o nome de Jardineiras, pela ausência de fechamentos laterais e pelos bancos de madeira.

O pobre do Dauphine, com seu fraco motor Ventoux, câmbio de três marchas e suspensão dianteira de bracinhos esqueléticos, recebeu o triste apelido de Leite Glória. Na época, o leite em pó da Ninho era difícil de ser dissolvido e a Glória lançou um produto desidratado que era tão fácil de diluir que usava o slogan “Desmancha sem bater”. Acho que dá pra imaginar o resto da história, né?

E a Marta Rocha? Vocês conhecem? Quem curte os carros antigos sabe que é uma Pickup Chevrolet 3100, mas Marta Rocha foi, na verdade, a primeira Miss Brasil! E não ganhou o concurso de Miss Universo porque tinha 2 polegadas a mais no quadril. Como a caminhonete tem exatamente 2 polegadas a mais na largura da caçamba......... ;)


A Kombi, além de ser chamada de Perua (que sempre teve seu lado pejorativo) também é carinhosamente chamada de Pão de Forma por assemelhar-se ao alimento. Com o surgimento das Kombis encurtadas, estas ganharam o apelido de Bisnaguinhas, naturalmente. E também não dá pra deixar de citar a Kombi Corujinha, que todo mundo tanto ama. Corujinha porque o desenho da frente lembra a carinha de uma coruja... Ounnnn.... Fofinha!

Olha eu com a Monica, a Corujinha mais linda do Brasil!

Temos também o famoso Rabo de Peixe, graças à traseira das Belairs e Cadillacs 57 que realmente lembram o rabo de um peixe... um peixe beeeeem grande!

O Renault 4cv ganhou o curioso apelido de Rabo Quente por causa do motorzinho nervoso na traseira.

E o Chevette Tubarão? Um carrinho pequenininho com um apelido tão invocado? Por que? Por causa da forma como o capo avança na frente do carro. Super! Super parece um tubarão! E é lindo!
A Pickup Ford F100 é carinhosamente chamada de Vampirinha, por causa da grade dianteira, que lembra dentinhos de vampiros. Fofo? Ou não fofo?


Duvido que a Volkswagem poderia prever o apelido que o povo daria ao seu modelo 1600. Alguns dizem que por causa do personagem da TV, interpretado por José Mojica Marins, outros que por causa da disposição das maçanetas e do desenho do carro, ficou conhecido como Zé do Caixão. Triste em ambos os casos. Pra piorar, na mesma época, Juca Chaves fez o maior sucesso com uma música que dizia “viúva é como alça de caixão, quando um larga outro vem e põe a mão”... ah.... as belezas do machismo...

A criatividade do brasileiro para piadas é impressionante! Até hoje nos surpreendemos com alguns termos inventados não só para o mundo automotivo. Poderíamos continuar a lista, mas alguns termos talvez não fossem bem aceitos então resolvemos parar por aqui. Hahaha

Esperamos que tenham gostado! Beijos aos Coisos e até a próxima!

Copyright © 2009 Coisa de Meninos Nada All rights reserved. Theme by Laptop Geek. | Bloggerized by FalconHive.